WEBVTT 00:00:01.418 --> 00:00:03.954 A brilhante dramaturga, Adrienne Kennedy, 00:00:03.954 --> 00:00:06.645 escreveu um livro chamado "People Who Led to My Plays" 00:00:06.645 --> 00:00:08.627 [Pessoas que originaram as minhas peças]. 00:00:08.627 --> 00:00:11.800 Se eu fosse escrever um livro, chamar-se-ia, 00:00:11.800 --> 00:00:14.345 "Artistas Que Originaram as Minhas Exposições" 00:00:14.345 --> 00:00:16.000 porque o meu trabalho, 00:00:16.000 --> 00:00:19.000 na compreensão da arte e na compreensão da cultura, 00:00:19.000 --> 00:00:22.190 tem surgido pelo acompanhamento dos artistas, 00:00:22.190 --> 00:00:25.145 por ver o que os artistas significam 00:00:25.145 --> 00:00:27.327 e o que eles fazem e o que são. 00:00:28.000 --> 00:00:30.236 Jay Jay em "Good Times," 00:00:30.400 --> 00:00:32.636 (Aplausos) 00:00:33.163 --> 00:00:35.481 significativo para muitas pessoas, claro, 00:00:35.481 --> 00:00:37.472 por causa de "dyn-o-mite," 00:00:37.472 --> 00:00:39.509 mas talvez mais significativo 00:00:39.509 --> 00:00:42.490 por ser realmente o primeiro artista negro 00:00:42.490 --> 00:00:44.709 em horário nobre da TV. 00:00:45.000 --> 00:00:47.000 Jean-Michel Basquiat, 00:00:47.000 --> 00:00:48.827 importante para mim 00:00:48.827 --> 00:00:52.000 por ser o primeiro artista negro em tempo real 00:00:52.000 --> 00:00:54.345 a mostrar-me a possibilidade de 00:00:54.345 --> 00:00:57.336 quem e em que é que eu me estava prestes a meter. NOTE Paragraph 00:00:57.336 --> 00:01:00.063 O meu projeto global é sobre a arte, 00:01:00.063 --> 00:01:02.300 especificamente, sobre artistas negros, 00:01:02.300 --> 00:01:04.218 de uma forma muito geral 00:01:04.218 --> 00:01:06.181 sobre a maneira como a arte 00:01:06.181 --> 00:01:08.418 consegue modificar o modo como pensamos 00:01:08.418 --> 00:01:11.000 sobre a cultura e sobre nós próprios. 00:01:11.000 --> 00:01:13.118 O meu interesse é nos artistas 00:01:13.118 --> 00:01:16.000 que compreendem e reescrevem a história, 00:01:16.000 --> 00:01:18.245 que refletem sobre si mesmos 00:01:18.245 --> 00:01:21.945 no contexto da narrative do mundo maior da arte, 00:01:22.000 --> 00:01:24.281 mas que tenham criado novos lugares 00:01:24.290 --> 00:01:27.000 para nós para vermos e compreendermos. 00:01:27.236 --> 00:01:30.327 Estou a mostrar-vos dois artistas aqui, Glenn Ligon e Carol Walker, 00:01:30.327 --> 00:01:33.381 dois de muitos que, para mim, realmente levantam 00:01:33.381 --> 00:01:36.309 as questões essenciais que eu quis trazer 00:01:36.309 --> 00:01:38.527 como uma Curadora para o mundo. 00:01:38.527 --> 00:01:41.000 Eu interessei-me pela ideia 00:01:41.000 --> 00:01:43.354 de porquê e como 00:01:43.354 --> 00:01:46.000 poderia criar uma nova história 00:01:46.000 --> 00:01:48.000 uma nova narrativa em História da Arte 00:01:48.000 --> 00:01:50.000 e uma nova narrativa no mundo. 00:01:50.000 --> 00:01:52.136 E para fazer isso, eu sabia 00:01:52.136 --> 00:01:55.345 que tinha de ver a maneira como os artistas trabalham, 00:01:55.345 --> 00:01:59.254 compreender o estúdio do artista como um laboratório, 00:01:59.254 --> 00:02:01.154 imaginem então, 00:02:01.154 --> 00:02:04.300 reinventar o museu como um reservatório de pensamentos, 00:02:04.300 --> 00:02:07.000 e de olhar para a exposição 00:02:07.000 --> 00:02:09.018 como o derradeiro papel em branco, 00:02:09.018 --> 00:02:12.000 fazendo perguntas, providenciando o espaço 00:02:12.000 --> 00:02:15.000 para olhar e para pensar sobre as respostas. NOTE Paragraph 00:02:15.436 --> 00:02:17.000 Em 1994, 00:02:17.000 --> 00:02:19.027 quando eu era Curadora no Whitney Museum, 00:02:19.027 --> 00:02:21.936 organizei uma exposição intitulada "Black Male" [Homem Negro]. 00:02:22.190 --> 00:02:24.972 Visava a intersecção de raça e género 00:02:24.972 --> 00:02:27.318 na Arte Americana contemporânea. 00:02:27.318 --> 00:02:30.081 Procurava exprimir as formas NOTE Paragraph 00:02:30.081 --> 00:02:33.154 pelas quais a arte podia dar espaço a um diálogo, 00:02:33.154 --> 00:02:35.190 diálogo complicado, 00:02:35.190 --> 00:02:38.000 diálogo com muitos, muitos pontos para debate 00:02:38.000 --> 00:02:40.254 e como o museu podia ser o espaço 00:02:40.254 --> 00:02:42.390 para este concurso de ideias. 00:02:42.545 --> 00:02:44.672 Esta exposição incluía 00:02:44.672 --> 00:02:48.336 mais de 20 artistas de várias idades e raças, 00:02:48.336 --> 00:02:51.181 mas todos olhando para a masculinidade negra 00:02:51.181 --> 00:02:53.900 de um ponto de vista muito particular. 00:02:57.000 --> 00:03:00.000 O que foi significativo nesta exposição 00:03:00.000 --> 00:03:03.590 foi a maneira pela qual me envolveu 00:03:03.754 --> 00:03:06.536 no meu papel como Curadora, 00:03:06.536 --> 00:03:09.000 como catalisadora deste diálogo. 00:03:09.290 --> 00:03:11.136 Uma das coisas que aconteceram 00:03:11.136 --> 00:03:13.381 muito particularmente no decorrer desta exposição 00:03:13.381 --> 00:03:15.454 foi ser confrontada com a ideia 00:03:15.454 --> 00:03:17.590 de quão poderosas conseguem ser as imagens 00:03:17.590 --> 00:03:20.418 e o entendimento que as pessoas têm de si mesmas e dos outros. NOTE Paragraph 00:03:20.418 --> 00:03:23.336 Estou a mostrar-vos duas obras, a da esquerda, por Leon Golub, 00:03:23.336 --> 00:03:26.436 a da direita por Robert Colescott. 00:03:26.654 --> 00:03:28.518 Ao longo da exposição, 00:03:28.518 --> 00:03:30.363 que era contenciosa, controversa 00:03:30.363 --> 00:03:33.881 e em última análise, para mim, uma mudança de vida, 00:03:33.890 --> 00:03:36.254 na minha perceção do que a arte devia ser, 00:03:36.254 --> 00:03:39.118 uma mulher veio ter comigo ao piso da galeria 00:03:39.118 --> 00:03:42.000 para manifestar a sua preocupação sobre a natureza 00:03:42.000 --> 00:03:44.127 de quão poderosas as imagens podiam ser 00:03:44.127 --> 00:03:46.190 e como nos compreendemos uns aos outros. 00:03:46.190 --> 00:03:48.209 Ela apontou para a obra à esquerda 00:03:48.209 --> 00:03:50.600 para me dizer quão problemática era esta imagem, 00:03:50.600 --> 00:03:52.236 por se relacionar, para ela, 00:03:52.236 --> 00:03:56.000 com a ideia de como os negros tinham sido representados. 00:03:56.227 --> 00:03:58.254 Ela apontou para a imagem à direita 00:03:58.254 --> 00:04:01.209 como um exemplo, para mim, do tipo de dignidade 00:04:01.209 --> 00:04:02.900 que precisava de ser retratado 00:04:02.900 --> 00:04:05.300 para combater as imagens dos meios de comunicação. 00:04:05.300 --> 00:04:08.309 Ela então atribuiu a estas obras identidades raciais, 00:04:08.309 --> 00:04:10.363 basicamente dizendo-me que a obra à direita, 00:04:10.363 --> 00:04:12.781 claramente, tinha sido feita por um artista negro, 00:04:12.781 --> 00:04:15.327 a obra à esquerda, claramente por um artista branco, 00:04:15.327 --> 00:04:17.954 quando, com efeito, era o caso oposto. 00:04:18.000 --> 00:04:20.000 Bob Colescott, artista afro-americano, 00:04:20.000 --> 00:04:22.309 Leon Golub, um artista branco. 00:04:22.309 --> 00:04:24.981 O objetivo disso, para mim, era dizer, 00:04:24.981 --> 00:04:27.327 naquele espaço, naquele momento, 00:04:27.327 --> 00:04:31.081 que eu realmente, mais que tudo, queria compreender 00:04:31.081 --> 00:04:32.936 como é que as imagens podiam funcionar, 00:04:32.936 --> 00:04:34.463 como funcionavam realmente, 00:04:34.463 --> 00:04:37.581 e como é que os artistas proporcionavam um espaço maior 00:04:37.581 --> 00:04:40.736 do que o que conseguiríamos imaginar na nossa vida do dia a dia 00:04:40.736 --> 00:04:43.363 para trabalhar totalmente estas imagens. NOTE Paragraph 00:04:43.363 --> 00:04:46.554 Avanço rapidamente e encontro-me no Harlem, 00:04:46.554 --> 00:04:49.554 lar para muitos da América negra, 00:04:49.554 --> 00:04:53.763 muito o coração psíquico da experiência negra, 00:04:54.000 --> 00:04:57.209 realmente o lugar onde se deu toda a Renascença do Harlem. 00:04:58.263 --> 00:05:01.000 O Harlem hoje, como que a explicar-se 00:05:01.000 --> 00:05:04.000 e a refletir sobre si mesmo nesta parte do século, 00:05:04.000 --> 00:05:06.090 olhando tanto para trás como para a frente. 00:05:06.090 --> 00:05:08.718 Costumo dizer que o Harlem é uma comunidade interessante 00:05:08.718 --> 00:05:11.072 porque, ao contrário de muitos outros lugares, 00:05:11.072 --> 00:05:13.990 considera-se no passado, presente e no futuro simultaneamente. 00:05:14.000 --> 00:05:16.000 Ninguém fala dele apenas no agora. 00:05:16.000 --> 00:05:19.000 É sempre no que foi e no que pode vir a ser. 00:05:19.000 --> 00:05:21.000 E, pensando nisso, 00:05:21.000 --> 00:05:23.500 então o meu segundo projeto, a segunda questão que levanto. 00:05:23.500 --> 00:05:27.036 Pode um museu ser um catalisador de uma comunidade? 00:05:27.036 --> 00:05:29.381 Pode um museu acolher artistas 00:05:29.381 --> 00:05:31.709 e permitir-lhes serem os agentes da mudança 00:05:31.709 --> 00:05:34.400 à medida que as comunidades se repensam a si mesmas? 00:05:34.400 --> 00:05:37.381 Este é o Harlem, na verdade a 20 de Janeiro, 00:05:37.381 --> 00:05:40.381 refletindo sobre si mesmo de uma maneira maravilhosa. NOTE Paragraph 00:05:41.163 --> 00:05:43.763 Portanto, eu trabalho agora no Studio Museum no Harlem, 00:05:43.763 --> 00:05:45.636 refletindo sobre as suas exposições, 00:05:45.636 --> 00:05:47.454 reflectindo sobre o que significa 00:05:47.454 --> 00:05:49.363 descobrir a possibilidade da arte. 00:05:49.363 --> 00:05:51.963 Agora, o que é que isto significa para alguns de vós? 00:05:51.963 --> 00:05:54.145 Em alguns casos, eu sei que muitos de vós 00:05:54.145 --> 00:05:56.363 estão envolvidos em diálogos interculturais, 00:05:56.363 --> 00:05:59.300 estão envolvidos em ideias de criatividade e inovação. 00:05:59.300 --> 00:06:02.227 Pensem no papel que os artistas podem desempenhar nisso. 00:06:02.227 --> 00:06:05.381 Esse é o tipo de incubação e apoio 00:06:05.381 --> 00:06:08.436 que viso, ao trabalhar com jovens artistas negros. 00:06:08.436 --> 00:06:11.018 Pensem nos artistas, não como fornecedores de conteúdo, 00:06:11.018 --> 00:06:13.027 embora eles possam ser brilhantes nisso, 00:06:13.027 --> 00:06:15.763 mas. mais uma vez, como verdadeiros catalisadores. NOTE Paragraph 00:06:16.418 --> 00:06:19.700 O Studio Museum foi fundado no final da década de 60. 00:06:19.700 --> 00:06:22.209 E menciono isto porque é importante localizar 00:06:22.209 --> 00:06:24.154 esta prática na história, 00:06:24.154 --> 00:06:26.000 olhar para 1968, 00:06:26.000 --> 00:06:28.000 no incrível momento histórico que é, 00:06:28.000 --> 00:06:31.318 e pensar na trajetória que aconteceu desde então, 00:06:31.318 --> 00:06:34.000 pensar nas possibilidades que todos nós 00:06:34.000 --> 00:06:36.163 temos o privilégio de ter hoje, 00:06:36.163 --> 00:06:38.000 e imaginem que este museu 00:06:38.000 --> 00:06:40.000 que surgiu num momento de grande protesto, 00:06:40.000 --> 00:06:43.100 e que foi particularmente sobre o exame da história 00:06:43.100 --> 00:06:46.927 e do legado de importantes artistas afro-americanos 00:06:47.000 --> 00:06:49.000 para a história da arte neste país 00:06:49.000 --> 00:06:51.000 como Jacob Lawrence, Norman Lewis, 00:06:51.000 --> 00:06:53.000 Romare Beardon. NOTE Paragraph 00:06:53.000 --> 00:06:55.000 E então, claro, 00:06:55.000 --> 00:06:57.000 para nos trazer aos dias de hoje. 00:06:57.000 --> 00:06:59.000 Em 1975, Mohammed Ali 00:06:59.000 --> 00:07:01.000 deu uma palestra na Universidade de Harvard. 00:07:01.000 --> 00:07:04.000 Depois da sua palestra, um estudante levantou-se e disse-lhe, 00:07:04.000 --> 00:07:06.000 "Dê-nos um poema." 00:07:06.000 --> 00:07:08.000 E Mohammed Ali disse, "Eu, Nós." 00:07:08.000 --> 00:07:11.000 Uma profunda afirmação acerca do individual e da comunidade, 00:07:11.000 --> 00:07:13.000 o espaço no qual agora, 00:07:13.000 --> 00:07:16.000 no meu projecto de descoberta, de reflexão sobre os artistas, 00:07:16.000 --> 00:07:18.000 de tentar definir 00:07:18.000 --> 00:07:20.000 o que poderia ser 00:07:20.000 --> 00:07:23.000 o movimento cultural artístico negro no século 21. 00:07:23.000 --> 00:07:25.000 O que é que isso poderia significar 00:07:25.000 --> 00:07:28.000 para os movimentos culturais em toda a parte neste momento 00:07:28.000 --> 00:07:30.000 o "Eu, Nós" parece 00:07:30.000 --> 00:07:32.000 incrivelmente presciente 00:07:32.000 --> 00:07:34.000 totalmente importante. NOTE Paragraph 00:07:34.000 --> 00:07:36.000 Para este fim, 00:07:36.000 --> 00:07:39.000 o projecto específico que tornou isto possível para mim 00:07:39.000 --> 00:07:41.000 é uma série de exposições, 00:07:41.000 --> 00:07:43.000 todas intituladas com um "F", 00:07:43.000 --> 00:07:45.000 "Freestyle," "Frequency" e "Flow" ["Forma Livre", "Frequência" e "Fluir"], 00:07:45.000 --> 00:07:47.000 que se propuseram descobrir 00:07:47.000 --> 00:07:49.000 e definir 00:07:49.000 --> 00:07:52.000 os artistas jovens, negros, a trabalhar neste momento 00:07:52.000 --> 00:07:54.000 que desejo muitíssimo 00:07:54.000 --> 00:07:57.000 que continuem a trabalhar nos próximos anos. 00:07:57.000 --> 00:07:59.000 Esta série de exposições 00:07:59.000 --> 00:08:01.000 foi feita especificamente 00:08:01.000 --> 00:08:03.000 para tentar questionar 00:08:03.000 --> 00:08:05.000 a ideia do que significaria 00:08:05.000 --> 00:08:07.000 agora, neste ponto da história, 00:08:07.000 --> 00:08:10.000 ver a arte como uma catalisadora, 00:08:10.000 --> 00:08:12.000 o que significa agora, neste ponto da história, 00:08:12.000 --> 00:08:15.000 à medida que definimos e redefinimos a cultura, 00:08:15.000 --> 00:08:17.000 a cultura negra, especificamente no meu caso, 00:08:17.000 --> 00:08:19.000 mas a cultura, em geral. 00:08:19.000 --> 00:08:21.000 Eu designei este grupo de artistas 00:08:21.000 --> 00:08:24.000 à volta de uma ideia, que divulguei 00:08:24.000 --> 00:08:26.000 chamada de "pós-negro". 00:08:26.000 --> 00:08:28.000 Pretendi defini-los 00:08:28.000 --> 00:08:31.000 como artistas que surgiram e iniciaram o seu trabalho agora, 00:08:31.000 --> 00:08:34.000 com uma visão da história, mas começando neste momento, historicamente. NOTE Paragraph 00:08:35.000 --> 00:08:38.000 É realmente neste sentido de descoberta 00:08:38.000 --> 00:08:41.000 que tenho um novo conjunto de questões a colocar. 00:08:41.000 --> 00:08:43.000 Este novo conjunto de questões é: 00:08:43.000 --> 00:08:45.000 O que é que significa, neste momento, 00:08:45.000 --> 00:08:48.000 ser Afro-Americano(a) na América? 00:08:48.000 --> 00:08:51.000 O que é que a obra de arte diz sobre isso? 00:08:51.000 --> 00:08:54.000 Onde é que um museu pode existir 00:08:54.000 --> 00:08:57.000 como o lugar para nós todos 00:08:57.000 --> 00:08:59.000 termos esta conversa? 00:08:59.000 --> 00:09:01.000 Realmente, o mais emocionante acerca disto 00:09:01.000 --> 00:09:04.000 é pensar sobre a energia e o entusiasmo 00:09:04.000 --> 00:09:06.000 que os jovens artistas conseguem trazer. 00:09:06.000 --> 00:09:08.000 As obras deles, para mim, são sobre, 00:09:08.000 --> 00:09:10.000 nem sempre, simplesmente apenas 00:09:10.000 --> 00:09:12.000 acerca da inovação estética 00:09:12.000 --> 00:09:15.000 que as suas mentes imaginam, que as suas visões criam 00:09:15.000 --> 00:09:17.000 e lançam no mundo, 00:09:17.000 --> 00:09:19.000 mas mais, talvez, de maior importância, 00:09:19.000 --> 00:09:21.000 através do entusiasmo da comunidade 00:09:21.000 --> 00:09:24.000 que eles criam como vozes importantes 00:09:24.000 --> 00:09:27.000 que nos permitirão hoje compreender a nossa situação, 00:09:27.000 --> 00:09:29.000 assim como no futuro. 00:09:29.000 --> 00:09:32.000 Eu sinto-me continuamente espantada 00:09:32.000 --> 00:09:34.000 pela forma como 00:09:34.000 --> 00:09:36.000 a questão da raça 00:09:36.000 --> 00:09:39.000 se leva em muitos lugares 00:09:39.000 --> 00:09:41.000 que não imaginamos possível. 00:09:41.000 --> 00:09:44.000 Eu sinto-me sempre maravilhada 00:09:44.000 --> 00:09:46.000 pelo modo como os artistas estão dispostos 00:09:46.000 --> 00:09:48.000 a fazê-lo no seu trabalho. 00:09:48.000 --> 00:09:50.000 É por isso que olho para a arte. 00:09:50.000 --> 00:09:52.000 É por isso que questiono a arte. 00:09:52.000 --> 00:09:55.000 É por isso que organizo exposições. NOTE Paragraph 00:09:55.000 --> 00:09:57.000 Ora, esta exposição, como disse, 00:09:57.000 --> 00:10:00.000 de 40 jovens artistas, com obras executadas ao longo de oito anos, 00:10:00.000 --> 00:10:03.000 e para mim trata-se de ter em consideração as implicações. 00:10:04.000 --> 00:10:06.000 É considerar as implicações 00:10:06.000 --> 00:10:09.000 do que esta geração nos tem a dizer. 00:10:09.000 --> 00:10:12.000 É considerar o que é que significa para estes artistas 00:10:12.000 --> 00:10:14.000 encontrarem-se tanto no mundo, já que as obras deles viajam, 00:10:14.000 --> 00:10:16.000 como nas suas comunidades, 00:10:16.000 --> 00:10:19.000 como pessoas que estão a ver e a reflectir 00:10:19.000 --> 00:10:22.000 sobre os problemas que enfrentamos. 00:10:22.000 --> 00:10:24.000 É também acerca de reflectir sobre 00:10:24.000 --> 00:10:26.000 o espírito criativo e de o alimentar. 00:10:26.000 --> 00:10:28.000 E imaginem, particularmente na América urbana, 00:10:28.000 --> 00:10:31.000 acerca de alimentar o espírito. NOTE Paragraph 00:10:31.000 --> 00:10:34.000 Ora, aonde é que isto talvez vá dar agora? 00:10:34.000 --> 00:10:37.000 Para mim, trata-se de reimaginar 00:10:37.000 --> 00:10:40.000 este discurso cultural num contexto internacional. 00:10:40.000 --> 00:10:43.000 Assim, a última iteração deste projecto 00:10:43.000 --> 00:10:45.000 foi chamada de "Flow" ["Fluir"], 00:10:45.000 --> 00:10:47.000 com a ideia agora de criar 00:10:47.000 --> 00:10:49.000 uma verdadeira rede 00:10:49.000 --> 00:10:51.000 de artistas à volta do mundo, 00:10:51.000 --> 00:10:53.000 com uma visão, não tanto 00:10:53.000 --> 00:10:56.000 a partir do Harlem para fora, mas transversalmente. 00:10:56.000 --> 00:10:59.000 E "Flow" concentrava-se em artistas nascidos no continente Africano. 00:10:59.000 --> 00:11:02.000 E porque muitos de nós pensamos sobre esse continente 00:11:02.000 --> 00:11:04.000 e reflectimos sobre o seu significado 00:11:04.000 --> 00:11:06.000 para nós todos no século 21, 00:11:06.000 --> 00:11:08.000 comecei essa reflexão olhando 00:11:08.000 --> 00:11:10.000 através de artistas, através de obras de arte, 00:11:10.000 --> 00:11:13.000 e imaginando o que podem eles dizer-nos acerca do futuro, 00:11:13.000 --> 00:11:16.000 o que nos dizem acerca do nosso futuro, 00:11:16.000 --> 00:11:19.000 e o que eles criam no sentido de 00:11:19.000 --> 00:11:22.000 nos oferecer esta óptima possibilidade de observar 00:11:22.000 --> 00:11:24.000 o emergir daquele continente como parte 00:11:24.000 --> 00:11:26.000 do nosso diálogo maior. 00:11:26.000 --> 00:11:28.000 Portanto, o que é que eu descubro NOTE Paragraph 00:11:28.000 --> 00:11:30.000 quando olho para as obras de arte? 00:11:30.000 --> 00:11:32.000 O que é que eu penso 00:11:32.000 --> 00:11:34.000 quando reflicto acerca da arte? 00:11:34.000 --> 00:11:36.000 Eu sinto que o privilégio que tenho tido como Curadora 00:11:36.000 --> 00:11:39.000 não é apenas a descoberta de novas obras, 00:11:39.000 --> 00:11:41.000 a descoberta de obras emocionantes, 00:11:41.000 --> 00:11:43.000 mas, realmente, tem sido 00:11:43.000 --> 00:11:45.000 o que tenho descoberto sobre mim mesma, 00:11:45.000 --> 00:11:47.000 e o que eu posso oferecer 00:11:47.000 --> 00:11:49.000 no espaço de uma exposição, 00:11:49.000 --> 00:11:52.000 falar sobre beleza, falar sobre poder, 00:11:52.000 --> 00:11:54.000 falar sobre nós próprios, 00:11:54.000 --> 00:11:57.000 e conversar e falar uns com os outros. 00:11:57.000 --> 00:12:00.000 É o que me faz levantar todos os dias 00:12:00.000 --> 00:12:02.000 e querer reflectir sobre 00:12:02.000 --> 00:12:05.000 esta geração de artistas negros e de artistas à volta do mundo. NOTE Paragraph 00:12:05.000 --> 00:12:07.000 Obrigada.